quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Waterloo Camejo

Não basta ser o Rio Grande
O berço da tradição
Onde em cada rincão
Há um berço do nativismo
Dos tempos de antigamente,
Quando aqué brava gente
Falquejava o gauchismo.

Não bastava ver nos potreiros
Dêsta estância Farroupilha
Èssa briosa tropilha
De poetas de fino pêlo
Que com místico desvelo
Nas campareadas da rima
Se vão no repecho acima
Sempre fazendo sinuêlo.

Não bastam os grandes feitos
Dos filhos do Rio Grande,
Que escreveram com seu sangue.
Para a História Brasileira,
Èssa época altaneira
Que consagrou o Farrapo
E cuja lança de guapo,
Glorificou uma bandeira.



Ainda não era tudo
O que o gaúcho queria,
Algo mais apetecia
Para sua satisfação,
Quando o divino Patrão
De lá da estância celeste
Clareou a coxilha agreste
Com macanudo clarão.

Houve um suspense bagual
Maneando os tauras do Pago
Quando sentiram o afago
De elétricas descargas,
Cortando as horas amargas
Que a vida nos amadrinha
Diante da prenda Rainha:
A Yeda Maria Vargas.

O Patrão velho do Céu;
Prá moldar essa prenda
Arrancou fios de renda
Das próprias vestes lunares;
Percorreu todos os mares,
Cavalgou pelas alturas
E arreou tropas de doçuras
Prá enfeitar seus olhares.

Campereou por entre os astros
Apartando-lhes o brilho;
Sempre firme no lombilho
E cada vez mais disposto,
Querendo fazer-se o gosto
Juntou pedaços de sol
E pialou o próprio arreból
Para emordurar  seu rosto.

Juntou a doce harmonia
De tantas aves canoras,
Trouxe o rubor das auroras,
Das estrelas tirou um friso,
Dos anjos do paraíso
Tirou o tom divinal
E com esse material
Coloriu o seu sorriso.
Se internou pelas quebradas,
Foi de pradaria em pradaria,
Tirou a esbelteza da palmeira,
O aroma do rosedal,
A elegância sem igual
Do pingo de puro sangue
E entregou ao Rio Grande
O seu corpo escultural.

E a nossa linda gauchita
Com as pilchas de gaucho,
Luzindo o soberbo luxo
Da nossa indiada campeira
Mostrou á gente estrangeira
Com sua beleza infinita
Que não mulher mais linda
Do que a mulher brasileira!

Miss Universo
Dos versos crioulos de Waterloo Camejo
1966

Um comentário:

  1. Eduardo Corrêa. Este poeta é do meu tempo no ctg Rodeio dos Palmares.

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