terça-feira, 10 de maio de 2011

O “rodeio dos palmares” _ Waterloo Camejo


Atenção Rio Grande!
Gaucho, muita atenção!
Na estância da Tradição
Se ascendeu mais um candeeiro,
Iluminado, peitudo,
Esse torrão macanudo
Do extremo sul brasileiro

Lá pras bandas do Chuí,
Sinuelo de nossa História
Na heróica Santa Vitória
Musa de nossos cantares,
Um C.T.G. foi alçado
E muito bem batizado.
De “Rodeio dos Palmares”


Filho de terra tão buena
Ao tomar conhecimento
De tal acontecimento
Por demais alviçareiro,
Senti no curral do peito
O coração satisfeito
Retoçando de faceiro.

O aparte do Patrão
Foi como pialo em porteira:
O índio Waldir Silveira
P’ra o cargo foi repontado
E o Lima, com sua grossura,
Dando bem na mata dura
P’ra capataz foi lançado.


Para Sota-Capataz
O Auriti foi escolhido,
Tiro de laço medido
Acertando bem em cheio,
Pois este guasca alargado
Do galpão que foi fundado
É de veraz um esteio.

Avante indiada buenaça!
Hoje temos um galpão
Alarguemos o fogão
Das tradições rio grandenses,
Para que junto aos tições
Se aqueçam os corações
Da gauchada vitoriense.


Que as lindas prendas do Pago
Relembrando suas avós,
Venham pra junto de nós
Nesta baita campereada,
Alentando com seus dotes
Aos anseios bem grandotes
Que jogam nesta cartada.

Nascestes, “RODEIO DOS PALMARES”
Sobre signo insinuante:
A coxilha verdejante
Te emprestou o seu Lirismo
Te apadrinhou o Minuano
E as águas do Oceano
Te serviram de batismo.

Te cantou o quero quero
Na ressaca do banhado
E fostes logo embalado
Pelas ondas da Mirim.
Foste, depois, te espraiando,
Teu nome foi galderiando
Do Chuí ate o Taim

Que o “Patrão Velho do Céu”
Com sua bondade infinita
Extenda sua mão bendita
Abençoando a sua existência;
Que arda sempre a fogueira
Levantada na fronteira
De nossa amada querência!

sábado, 30 de abril de 2011

PIONEIRISMO_ Resgatando as Raizes

28/04/2011 as 09h00min

A luta de Lacyr

Envie por E-mail:
Imprimir:

Pouca gente deve lembrar ou mesmo saber, mas a data de 27 de abril de 1984, ou seja, 27 anos atrás, é de extrema importância para o tradicionalismo gaúcho. Foi neste dia que Lacyr Silveira Rodrigues recebeu uma das cartas mais importantes de sua vida. Assinada pelo patrão do CTG Rodeio dos Palmares, de Santa Vitória do Palmar, Waldir de Silva Silveira, o documento autorizava a tradicionalista a ser a primeira mulher a poder entrar na sede social da entidade pilchada de bota e bombacha.
Em uma entrevista intermediada pela sua cunhada, Leda Baes, Lacyr nos conta que teve a ajuda do Major Sejanes Dornelles para obter a autorização do MTG a usar a pilcha. Apaixonada pelas lidas campeiras, já correu carreira, participou de vaquejadas na Paraíba, fundou Piquete, além de ser uma ativa tradicionalista no CTG Rodeio dos Palmares.
Hoje, aos 81 anos, Lacyr tem orgulho de saber que a sua luta colaborou para incentivar outras mulheres a participarem do tradicionalismo e a lutarem por seu direito dentro das entidades tradicionalistas. A casa onde fica guardada a Chama Crioula na sede campeira do CTG recebeu o nome da tradicionalista como forma de reconhecimento ao seu trabalho pelo tradicionalismo. Como mensagem, Lacyr diz aos mais jovens para manter a tradição. “As mulheres devem assumir sempre o seu lugar ao lado dos homens. Também é importante incentivas as crianças a participar do tradicionalismo, bem como ouvir os mais velhos. Escutem suas histórias, parem para conversar, se respeitem, mas nunca deixem de brigar por aquilo que acreditam”, finaliza.


Lacyr sempre carregou  a carta em sua guaiaca


Lacyr nos anos 60


O Portal agradece ainda a Leda Baes Rodrigues, cunhada de Lacyr, que ajudou a intermediar a entrevista com a Sra. Lacyr.
Texto: Felipe Basso exclusivo para Portal MTG

domingo, 24 de abril de 2011

A calândria do Palmar

Cinzas do meu fogão

O fogo quase apagado,
A chaleira meia fria...
Em triste e lenta agonia
Morre sozinho um tição
Enquanto que a viração
De alguma brisa campeira
Vai esparramando a poeira das
CINZAS DO MEU FOGÃO.

Esparsas e bem ralinhas,
Carregadas pelo vento,
Vão se perdendo ao relento
Em mirrada procissão ,
Como se a evaporação
Brota-se no descampado;
É o pó que foi levantado
DAS CINSAS DO MEU FOGÃO


Gaucho, quando cruzares as coxilhas do meu Pago
E enxergues, cobrindo o lago,
Uma tênue cerração
Não te cause apreensão
As águas assim veladas,
Por que ali foram jogadas
AS CINZAS DO MEU FOGÃO

Aos poetas do Rio Grande
Que cantam o chão amado
No verso que vem transado
Com tentos da tradição,
Eu peso nesta ocasião - se encontrarem no caminho-
Que juntem algum pozinho
DAS CINZAS DO MEU FOGÃO